TRATAMENTO DO HIPERADRENOCORTICISMO
(Síndrome de Cushing) em cães
com VETORYL© (trilostano)
O Hiperadrenocorticismo (HAC) é uma endocrinopatia com consequências em praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. A razão de tratarmos a doença, mesmo quando ainda no começo (quando as manifestações clínicas ainda não são tão evidentes) é justamente impedir que algumas destas manifestações, consequências do aumento do Cortisol, se desenvolvam.
O Cortisol tem um efeito sistêmico no organismo do cão (no nosso também), basicamente levando, no HAC, a uma grande perda na qualidade de vida dos cães afetados. O HAC resulta, entre outras coisas:
- BAIXA DA IMUNIDADE – infecções de pele e urinárias se tornam frequentes e recidivantes;
- ATROFIA MUSCULAR – a “perda” progressiva da força muscular leva o animal a perder a agilidade (passa a não fazer mais coisas que antes fazia, como subir e descer do sofá, etc.), ter dificuldades respiratórias (fica constantemente ofegante) e pode levar a impotência muscular dos membros ( não consegue mais andar);
- TROMBOSE – as alterações que o excesso de cortisol causa no sangue predispõe o animal à formação de trombos, o que pode levar à morte súbita;
- CEGUEIRA – a SARDs (Sudden Acquired Retinal Degeneration) está relacionada a difunções adrenais em 75% dos casos. A perda da visão é repentina, total e irreversível;
- DIABETES – o HAC predispõe ao diabetes que, no cão, envolve sempre a necessidade de insulina (quase invariavelmente a cada 12 horas);
Estas são apenas algumas das consequências do Hiperadrenocorticismo quando não tratado.
O TRATAMENTO
A boa notícia é que o HAC é tratável, com medicamentos que normalizam os níveis de Cortisol, permitindo aos pacientes terem uma vida normal, sem os prejuízos para saúde decorrentes da doença.
Atualmente, o medicamento mais moderno e indicado no tratamento do HAC é o VETORYL© (trilostano), aprovado para comercialização no Brasil em novembro do ano passado (previamente os proprietários tinham que importar o medicamento). Abaixo vou falar um pouco sobre o tratamento e alguns mitos que cercam o assunto:
VETORYL© (trilostano)
Em outro artigo, discuto o uso do VETORYL© em comparação ao TRILOSTANO MANIPULADO.
O tratamento do Hiperadrenocorticismo está envolto em uma névoa de desinformação e mitos, propagados em muitas páginas na Internet. Muitos proprietários chegam à 1ª consulta muito afetados pelo diagnóstico que, para eles, pode significar uma sentença de morte ao seu cão, devido a estas desinformações propagadas na rede mundial.
A primeira informação que tem que ficar clara é que o tratamento com o Vetoryl, desde que acompanhado por um Médico Veterinário com conhecimento específico sobre os protocolos corretos, os exames necessários e como chegar a dose correta do medicamento, é bastante seguro e bem sucedido. Outra é que o Vetoryl já é comercializado no Brasil desde novembro de 2012 (antes era necessário proceder à importação, processo que podia ser longo e um pouco complicado).
O VETORYL© tem por princípio ativo o trilostano, que é um inibidor da produção hormonal adrenal, afetando principalmente a síntese excessiva do Cortisol, propiciando o retorno a níveis semelhantes aos normais nos cães tratados. Os efeitos colaterais específicos do medicamento são raros, mas o bloqueio hormonal pode levar à baixa excessiva do Cortisol (hipoadrenocorticismo), que envolve vômitos, diarréia e apatia e pode ser uma emergência clínica. O acompanhamento do Médico Veterinário Endocrinologista é fundamental para justamente chegar à dose ideal sem causar esta baixa excessiva do Cortisol (o que conseguimos, desde que o proprietário siga as orientações corretamente, em praticamente todos os pacientes tratados).
Em geral chegamos a dose ideal do Vetoryl em 2 a 3 meses, a partir do que os check-ups passam a ser semestrais. Muitas das manifestações do Hiperadrenocorticismo Canino diminuem e desaparecem rapidamente com o tratamento (outras, como a queda de pêlo, demoram alguns meses), que será dado pelo resto da vida do paciente. Com o uso do Vetoryl o cão pode viver uma vida plena, feliz e longa, sem as consequências nefastas do Hiperadrenocorticismo.